Em sua primeira entrevista ao programa 60 Minutes em cinco anos, o presidente Donald Trump defendeu sua decisão de perdoar o fundador da Binance, Changpeng “CZ” Zhao, insistindo que não tinha conhecimento pessoal sobre o bilionário das criptomoedas e que agiu com base no que descreveu como uma perseguição politicamente motivada pelo governo anterior.

Questionado pela correspondente Norah O’Donnell sobre o motivo do perdão a Zhao, que se declarou culpado em 2023 por violar leis de combate à lavagem de dinheiro, Trump respondeu francamente.

“Ok, você está pronta? Eu não sei quem ele é. Sei que ele recebeu uma sentença de quatro meses ou algo parecido. E ouvi dizer que foi uma caça às bruxas do Biden”, disse Trump na entrevista, exibida na noite de domingo.

Questionado sobre como pretendia lidar com a “aparência de tráfico de influência” dada a compra de US$ 2 bilhões da stablecoin da empresa de sua família pela Binance no início deste ano, Trump disse que não sabia “nada sobre isso” e que estava “muito ocupado” fazendo outras coisas.

Ele acrescentou que o envolvimento de seus filhos com criptomoedas era separado dos assuntos governamentais: “Eles estão administrando um negócio, não estão no governo.”

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Trump descreveu Zhao como um empresário “respeitado” que, segundo ele, foi “vítima da instrumentalização do governo”, referindo-se à administração anterior.

Trump enquadrou sua decisão como consistente com um esforço mais amplo para apoiar o setor de criptomoedas dos EUA, dizendo que seu foco era manter o país “em primeiro lugar em criptomoedas” em meio à crescente concorrência da China, Japão e outros países.

“Quero tornar as criptomoedas ótimas para a América. Essa é a única coisa”, disse Trump.

Fazendo uma comparação com a posição dos EUA em inteligência artificial, ele disse: “Da mesma forma que somos o número um em IA, somos o número um em criptomoedas. E quero que continue assim.”

A entrevista foi ao ar como parte de uma entrevista mais ampla gravada na residência particular de Trump em Mar-a-Lago, Palm Beach, Flórida. Também abordou a paralisação do governo em andamento, as operações de imigração e as relações comerciais dos EUA, após a visita de Trump à Ásia na semana passada.

Foi a primeira aparição do presidente no programa da CBS desde que chegou a um acordo judicial com a empresa controladora Paramount em julho, referente a uma entrevista sobre as eleições de 2024 com Kamala Harris, pela qual recebeu uma indenização de US$ 16 milhões.

Relação de Trump com Zhao

O segmento marcou a primeira explicação oficial para o perdão concedido a Zhao, que havia gerado questionamentos por parte de legisladores e reguladores, dado o crescente envolvimento da World Liberty Financial com o mercado de criptomoedas.

A especulação de que o presidente Trump poderia perdoar Zhao surgiu pela primeira vez em dezembro de 2024, semanas antes de sua posse, após relatos de lobby nos bastidores da indústria de ativos digitais.

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Pouco mais de uma semana antes de o perdão ser concretizado, alegações de fontes internas reacenderam o rumor.

Os democratas criticaram o perdão, com alguns sugerindo que a Binance “facilitou” os negócios de Trump com criptomoedas, citando pagamentos e atividades de lobby ligadas à World Liberty Financial.

Outros propuseram o endurecimento das regras de ética, incluindo uma proposta para proibir membros do Congresso e altos funcionários de negociar ou possuir ativos digitais.

Uma resolução questionando a legalidade do perdão está sendo liderada pelos senadores Elizabeth Warren e Adam Schiff, que solicitaram uma investigação congressional sobre quaisquer conexões entre a Binance e o governo Trump.

* Traduzido e editado com autorização do Decrypt.

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