Os fundos de índice de Bitcoin (ETFs) acabam de registrar seu melhor desempenho diário em quase três meses, com o retorno de capital institucional ao setor após semanas de fluxos tímidos.

Na segunda-feira (21), os ETFs de Bitcoin acumularam entradas líquidas de US$ 381,3 milhões — o maior valor diário desde 30 de janeiro — de acordo com dados da gestora britânica Farside Investors.

As entradas marcam uma mudança notável após semanas de demanda morna, influenciada por incertezas macroeconômicas e aperto de liquidez.

Liderando o grupo está o ARKB, da ARK 21Shares, que captou US$ 116,13 milhões, seguido de perto pelo FBTC, da Fidelity, com US$ 87,61 milhões. Ambos os fundos somam agora US$ 2,6 bilhões e US$ 11,37 bilhões, respectivamente, em entradas líquidas totais.

As entradas sinalizam uma retomada do apetite institucional por Bitcoin, após uma queda registrada em meados de abril, quando produtos de ativos digitais acumularam apenas US$ 6 milhões em entradas líquidas na semana, com veículos nos EUA registrando saídas de US$ 71 milhões, segundo o último relatório da gestora de investimentos digitais CoinShares.

O relatório destacou que apenas os EUA registraram US$ 71 milhões em saídas, enquanto Suíça, Alemanha e Canadá somaram US$ 75,4 milhões em entradas, evidenciando uma divergência regional no sentimento dos investidores.

James Butterfill, chefe de pesquisa da CoinShares, descreveu as entradas recentes como uma reversão brusca do pessimismo anterior, destacando que os ETPs de Bitcoin “registraram a maior entrada diária desde 2 de fevereiro” — um salto de US$ 364 milhões após mais de US$ 5 bilhões em saídas acumuladas.

Ele disse ao Decrypt que o movimento marca uma “melhora significativa no sentimento dos investidores”, impulsionada principalmente pela mudança nas expectativas em relação à política monetária.

Butterfill também apontou para uma crescente dimensão política por trás da alta, observando que “a especulação crescente de que a posição do presidente do Federal Reserve pode estar ameaçada após comentários do Partido Republicano” contribuiu para a valorização do Bitcoin.

O salto de segunda-feira pode marcar uma mudança decisiva para os ETFs de criptomoedas, especialmente os produtos à vista de Bitcoin, que vêm enfrentando fluxos instáveis.

Bitcoin se comportando como ativo macroeconômico

Analistas argumentam que o Bitcoin está cada vez mais se comportando como um ativo macroeconômico, movendo-se em sincronia com os ciclos mais amplos do mercado.

“As criptomoedas costumavam seguir um ritmo próprio, mas agora dançam conforme o ritmo dos mercados globais”, disse Anthony Georgiades, fundador e sócio geral da empresa de capital de risco em criptoativos Innovating Capital, ao Decrypt.

“Com ETFs, fundos hedge e grandes gestoras de ativos entrando no jogo… o Bitcoin está sendo tratado como parte do conjunto de ativos de risco”, disse Georgiades.

Ele acrescentou que forças macroeconômicas, como a operação de “carry trade” do iene japonês, estão influenciando cada vez mais a trajetória do Bitcoin.

“Quando o carry trade é desfeito, esses mesmos fundos começam a reduzir riscos — e isso pode desencadear ondas de venda em ativos como o Bitcoin, que agora estão atrelados a carteiras globais”, explicou.

Enquanto o ouro subiu mais de 19% em seis meses em meio a tensões geopolíticas, a resiliência recente do Bitcoin tem gerado comparações.

“O Bitcoin tem se mostrado surpreendentemente resiliente durante a guerra comercial”, disse Alex Svanevik, CEO da plataforma de análise on-chain Nansen. “As notícias positivas recentes — especialmente o Tesouro avaliando formas de converter reservas em Bitcoin — provavelmente ajudaram.”

Ainda assim, Svanevik alertou: “O Bitcoin continua sendo um ativo de risco… Esperamos que o ouro seja mais resiliente caso aumentem as chances de recessão.”

Atualmente, o preço do Bitcoin está cotado a US$ 88.585, com alta de 1,5% nas últimas 24 horas, segundo dados do CoinGecko.

* Traduzido e editado com autorização do Decrypt.

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